No mundo da Roma Antiga, a saudação com as mãos, um gesto aparentemente simples, carregava uma riqueza de significados sociais, religiosos e políticos.
Mãos erguidas aos céus: saudando os deuses
Os romanos eram muito religiosos, e a maneira como se dirigiam aos seus deuses era bem específica. Ao passar diante de uma estátua ou templo, era comum erguer a mão em sinal de respeito e devoção. Esse gesto, muitas vezes acompanhado de orações, era uma forma de pedir ajuda ou agradecer as divindades. Eles acreditavam que, através de preces repetidas, poderiam "fatigare deos", ou seja, insistir até que os deuses os ouvissem.
Respeito e submissão: a saudação como sinal de hierarquia
Além dos deuses, as saudações com as mãos também eram usadas para demonstrar respeito a figuras de autoridade. Um aperto de mãos ou um gesto de submissão ao senhor eram maneiras de expressar a posição social de cada um. A forma como um senhor era saudado, por exemplo, revelava a hierarquia da época. A frase "Não sou digno de desatar uma tira de sua sandália", encontrada nós Evangelhos, ilustra bem essa ideia, mostrando que servir como escravo era um ato de deferência.
A vida social nas mãos: banquetes e refeições
Os banquetes e refeições eram momentos importantes na vida social romana. A forma como as pessoas se comportavam à mesa e os gestos que faziam transmitiam mensagens importantes. Lavar as mãos antes de comer era um ritual obrigatório, e um servo especializado, o mapparius, era responsável por enxugar as mãos do anfitrião. Compartilhar uma refeição tinha um significado especial, unindo a comunidade e simbolizando a ligação com o divino.
A mensagem oculta nos gestos
A saudação com as mãos em Roma não era apenas um gesto mecânico, mas uma forma de comunicação que refletia os valores e a hierarquia social da época. Os gestos, a forma como as pessoas se vestiam e se apresentavam eram cruciais para indicar sua posição social e transmitir mensagens importantes sobre poder, respeito e devoção.
Em resumo, no mundo romano as mãos falavam, expressando a complexidade das relações sociais, religiosas e políticas daquele tempo. Cada gesto, cada aperto de mão, cada saudação carregava um significado específico, demonstrando a importância dos rituais e das expressões de respeito na sociedade romana.
Referência
Ariès, P., & Duby, G. (2009). História da vida privada 1: Do Império Romano ao ano mil. Companhia das Letras.
0 Comentários
Obrigado por participar